Quis de novo a paz de outros dias.
Ser menino outra vez, quem sabe, não era um sonho distante demais?
Empinar pipas, subir em pés de jambo e lá se esconder.
Escutar da copa das árvores a avó gritando lá embaixo, enfurecida, na hora do almoço:
“Vem, preto, que já é hora! Ô, Jesus! Esse menino é os pés da besta!”
Rir dos peidos sonoros do tio na rede.
E da cusparada que ele deixava na sala, estranho tapete!
E correr no serrado coberto de pés de feijão.
E, nas noites frias de vento, abrir a janela para olhar as estrelas.
Quis de novo ver os pontos acesos nas casas do córrego e imaginar
Que nunca nunquinha iria conhecer todas as pessoas que habitavam o planeta.
Quis de novo a paz de outros dias.
Mas ficou aquilo só no querer.
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