tag:blogger.com,1999:blog-21239740960858818992024-02-07T17:35:35.477-03:00Vaga a LuaNuma Gota de OrvalhoQuiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.comBlogger400125tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-69133690043131635932016-11-24T22:49:00.002-03:002016-11-24T22:49:35.190-03:00SOBRE “NÓS” PAIRA O IMPONDERÁVEL<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Nunca morri de paixão pelo GRUPO GALPÃO, de Minas Gerais. “Morrer de paixão” aqui é ser cego no sentido em que alguns apaixonados se deixam ficar, a ponto de se maravilhar com qualquer coisa que o objeto de sua paixão venha a fazer, sem ver ali o que há de bom ou ruim, porque tudo tudo, de antemão, “parece bom”. Para o apaixonado clássico tudo é lindo quando se trata de sua paixão.<br />Então, como ia dizendo, eu nunca morri de paixões pelo Galpão.<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"> Embora uma das coisas mais belas que lembro ter visto em teatro tenha vindo do grupo. Era a primeira parte (a segunda parte não, era um pé no saco) da RUA DA AMARGURA. Durava pouco, mas ainda permanece em mim. O Nascimento de Jesus, as canções, as cores, a movimentação, a alegria, era absolutamente pungente, belo mesmo, maravilhoso até. Depois disso, daí em diante, tudo o que vi do grupo me soou como uma variante mais pobre deste momento fulminante.<br />Nem o Romeu e Julieta, aclamado mundo a fora, me foi tão precioso como aqueles 15 minutos de prólogo da Rua da Amargura.<br />Entendam, não estou aqui desfazendo a trajetória ou a poética do grupo. Tenho o maior respeito mesmo por ele, por que faz coisas de um esmero e cuidados que impressionam. Mas é que nada me tocada, me afetava, me comovia. Ver o Galpão era como observar com olhos pouco devotos, de longe, uma santa no altar. Se admira a beleza, se respeita o que representa, mas com pouca comoção por qualquer outro aspecto, sem maior estupefação.<br />Mas ontem... ontem fui ver “Nós”, o novo trabalho do grupo, que está em Recife, participando do FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL. Fui porque é bom participar. Fui para ver o belo (e isso hoje já seria por si só muito bom). Mas sabe, quando você entra com pouca expectativa e de repente percebe uma força maior que você, que lhe absorve, provoca, agride, transtorna, emociona, desafia?<br />Pela primeira vez vi um Galpão que está fora, absolutamente fora, de seus parâmetros estéticos, que aposta numa renovação incomum de sua poética. Para além das canções, da luz, da dramaturgia, o espetáculo vale por um elenco afiado, disposto, dono do espaço e dos tempos, vale por Teuda Bara, vale por não menosprezar a nossa inteligência, por comungar a “sopa” dos dias, vale por que é preciso, mesmo sem saber para onde ir, não deixar que a inércia, a preguiça, a desculpa, nos imobilize. Ali, sem sair da cadeira, o público se move, se translada, se agita, se comove.<br />Feliz pelo grupo, por mim (que tive esta oportunidade) e por Ana Paula, a quem vim o trajeto inteiro de volta para casa tentando acalentar. Ela bem sabe que não há palavras que açambarque o imponderável e que a poesia morre quando tentamos disseca-la.<br />Quem não viu vá ver. Hoje ainda tem. Às 20h30.<br />Imperdível.</span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-90252164733545527122016-11-24T21:58:00.001-03:002016-11-24T22:01:48.829-03:00QUE EMOÇÃO!<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAxKYEe2uBe6rKrBNBUfsE-UX3ZBphHdci5-zZsMdfFsRFuqToJOVs72gvgTHJNYWExTyNamLtWKYCavJVHb94CGVvcYnF_wglTO0D2dv0HbG_36rtGuiGhDtSVvP-MEyzvts3VLSi0uU/s1600/26cb158ddfa081c6b45b4791856b91fe.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAxKYEe2uBe6rKrBNBUfsE-UX3ZBphHdci5-zZsMdfFsRFuqToJOVs72gvgTHJNYWExTyNamLtWKYCavJVHb94CGVvcYnF_wglTO0D2dv0HbG_36rtGuiGhDtSVvP-MEyzvts3VLSi0uU/s320/26cb158ddfa081c6b45b4791856b91fe.jpg" width="259" /></a><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Todos choramos. Nascemos chorando.
Ninguém se lembra, mas que emoção dever ser, uma enorme emoção, essa de nascer,
de vir ao mundo. Até onde posso me lembrar, sei que chorei muito quando
pequeno. Chorei por um sim e por um não. Minha irmã mais velha ficava parada na
minha frente me olhando fixamente e me dizia: ‘Chore!’. E eu chorava. Chorei de
desgosto, chorei de tristeza, chorei de amor, chorei de raiva (foi minha mãe
quem me explicou isso, e esse foi um dia importante, quando compreendi que
podemos chorar de raiva como um primeiro passo para TOMAR A DECISÃO DE AGIR, de
NÃO SE DEIXAR EXPLORAR, de se REVOLTAR). Talvez houvesse também um prazer
secreto em chorar. Um dia, enquanto chorava, cruzei por acaso com o meu reflexo
no espelho: vi minha própria imagem toda enrugada, meus lábios todo contraídos,
minhas lágrimas. E nesse dia eu parei de chorar. Mas ainda hoje acontece, até
com alguma frequência, que eu tenha vontade de chorar quando uma emoção toma
conta de mim, me submerge. Por exemplo, quando ouço certas músicas. ”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Georges Didi-Huberman<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=zKrnDqCSdmk">https://www.youtube.com/watch?v=zKrnDqCSdmk</a><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-4972895051386973602016-10-10T15:05:00.000-03:002016-10-10T15:05:17.938-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKCnVl8yZNStbQtUTtmBNDqdGjoOX4R-ZO8SgUaDZxUvkgfNsBo7TQx4f9pFWuAbh83Z5TntxdDL74mv2mMZcIK71SlOTsu6idvc9KlmmQMWzYQkVXeysu_vmd-kp54WAXji0muHr2XAM/s1600/alguem+pra+fugir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKCnVl8yZNStbQtUTtmBNDqdGjoOX4R-ZO8SgUaDZxUvkgfNsBo7TQx4f9pFWuAbh83Z5TntxdDL74mv2mMZcIK71SlOTsu6idvc9KlmmQMWzYQkVXeysu_vmd-kp54WAXji0muHr2XAM/s320/alguem+pra+fugir.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A primeira coisa é se autoconhecer a ponto de saber o que GERA
ENERGIAS em você, o que promove alterações em seu estado e condutas normais, o
que transforma as suas atitudes (internas e externas), o que lhe dá FORÇAS.
(Não estou falando de drogas) <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca entrar em nada QUE NÃO SEJA DESAFIADOR PARA VOCÊ, que
não faça o seu coração bater mais forte, que não lhe arranque fora da
comodidade, que não mexa com você, que lhe deixe indiferente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É preciso mesmo SILENCIAR para se ouvir melhor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É necessário saber DESLIGAR O MUNDO LÁ FORA para acionar as
suas FORÇAS INTERNAS (suas vísceras, seu coração, seu diafragma, seus pulmões,
seu fígado) e suas FORÇAS EXTERNAS (seu corpo, sua voz). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É que você vai se doar por uma hora e meia, você vai operar
um sacrifício e precisa estar pronto, ativo, como um atleta, como um sacerdote.
Algo maior que você vai começar a se desvelar para o público, para a sua
comunidade, para o que vierem lhe ver, algo mais intenso que a vida comum e
ordinária vai sacudir as pessoas. Precisa que lhe sacuda antes de sacudir o
outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E você tem de dominar o ritual, que tem de ser realizado com
precisão cirúrgica: cantar, dançar, ficar imóvel, se movimentar, respirar,
falar... você precisa ser dono e senhor de cada palavra que será dita, de cada
gesto que desenhará mundos no espaço do jogo, que é o palco, a arena, o campo,
o ringue, a praça, o terreiro, a estrada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Precisa saber que um ator cria mundos, sim, que instaura
atmosferas, que impulsiona pensamentos, mobiliza sensações, emoções, comoções,
que faz refletir, que gera outros modos de ver e sentir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu conto com vocês para cada coisa que vai ser posta ali,
nisso que é o ALGUÉM PRA FUGIR...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para que a dança aconteça, Para que o grito desentale, Para que
o arrepio venha,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
NUNCA IR AO ENSAIO COM INDIFERENÇA PELO JOGO.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca se apresentar como se fosse a coisa mais banal que há.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por que isso sempre é a morte do artista.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E não deixa de ser também, em certa medida, a morte do
espectador.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por que é tempo jogado fora. E tempo é vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É a sua vida e a do outro que está em jogo, portanto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É o seu tempo e o do outro que está se escoando ali.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É preciso intensidade nas coisas que a gente faz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E intensidade não quer dizer falta de delicadeza.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Façam valer a pena. Deem conta do recado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Amo vocês <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
FÉ E PEIA DURA!<o:p></o:p></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-77826706941922917682016-09-18T13:27:00.003-03:002016-09-18T13:27:58.625-03:00<div class="MsoNormal">
Não somos somente um nome e nem é só o nome o que nos
singulariza. Há milhares de Marias, Terezas, Renatas, Anas, Carlos, Paulos,
Josés, Joões, Manoéis, Pedros... Tantos com prenomes e sobrenomes completamente
idênticos. Nascidos alguns nas mesmas datas, até. O que nos singulariza, mesmo
que houvesse a hipótese de não termos um nome, para o bem e para o mal, somos
nós mesmos: nossa cara, nosso corpo, nosso jeito, gesto, pensamentos, desejos,
crenças, atitudes, formas de olhar, de caminhar, de encarar o mundo, de amar,
de odiar, de se indignar, de se submeter a certas circunstâncias, nossa ética,
estética, tribo, ofício, escolhas, histórias. Também nossas quedas, feridas,
vazios, dores, encontros, desencontros, perdas, solidões. A esta pessoa que é cada um de nós,
induplicável, indivisível, uno, deram (dão, darão) previamente, no começo da
estrada, no início da jornada ainda, na chegada, um nome. Ou seja: um nome,
antes de toda a história, de todo gesto, de tudo, enfim, é um título e uma
aposta... no futuro, no presente, à cegas, nominada e singular. <o:p></o:p></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-46339648804493398022016-09-18T13:27:00.001-03:002016-09-18T13:27:13.442-03:00<div class="MsoNormal">
Senta-se ele à mesa, na sala semiescura. E se se vê frente a
frente com a brancura do papel.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Esculpir ali no vazio da página, em contraste, com tinta
preta, uma a uma, as palavras que marcarão a escultura, a paisagem em desenho
fértil do que ainda não há.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De dentro para fora, em claro e escuro, cava nichos,
protuberâncias, figuras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Crava, perfura, lima, rasga, risca, corta, em grossas camadas,
as superfícies planas do papel.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Cria as reentrâncias, relevos, saliências, silêncios e sons.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Trabalha, enxerta, extrai, substitui, permuta, até que ganhe
tridimensionalidade as imagens invisíveis e cifradas, até que, mãos leves e
alma nua, a invisível efemeridade que somos, transparece e ganha vida e vira
música.<o:p></o:p></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-22553645440689671482016-07-20T20:53:00.001-03:002016-07-20T20:59:00.505-03:00ANTES QUE TERMINE O DIA<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A todas as pessoas que foram, são ou serão minhas amigas um
dia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Algumas que nem consigo lembrar o nome hoje, mas que foram
imprescindíveis no passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Outras que são mesmo para sempre e tão somente porque existem,
é que posso eu também existir e ser eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Gente que me deu a mão, o braço, o ombro, a força, a palavra,
o lenço, o sorriso, a festa surpresa, o colo, o lenitivo, a esperança, a
coragem, o apoio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Gente que cantou ao meu lado quando ainda tinha o Zambiola e
um desejo enorme de ser artista; gente que me pagou o almoço quando eu não
tinha nada nos bolsos para cooperar com o rango; gente que lembrou de mim num
reveillon e na última horinha, quase no já já vira, ligou para dizer que o ano
tinha sido bom porque nós tínhamos juntos enfrentado muitos leões; gente que
acreditou em mim, que me pôs as mãos nos ombros, nas costas e me empurrou para
diante; e todos os “não desista!”, “acredite!”, “te amo!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Todos os que me amparam em seus guarda-chuvas nos invernos
infernais desta cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E os que comigo riram, choraram, beberam, dormiram, viajaram,
quiseram, doaram, dividiram, multiplicaram, apostaram, me puxaram a orelha, me
chamaram na vera.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Sem vocês eu teria caído antes, bem lá atrás. E talvez nem
tivesse ânimo para me erguer novamente. Sem vocês eu seria menor, certamente. E
se cheguei, quase lugar nenhum, foi porque tantos foram generosos com os meus
tropeços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Aos meus amigos, aos que nem posso nominar porque graças aos
céus, aos orixás, a Deus, nem consigo contar direito quantos são (não que sejam
muitos, mas o bastante para a alegria e festa de meu coração). Tantos rostos,
tantos nomes, tantas narrativas, tanta saudade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Valeu! Valeu muuuuuito! Vale sempre. Mesmo tão distante, mesmo
silenciado, estou aqui. E amo vocês de um jeito que não tem como imaginar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Muito agradecido mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Beijos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Q.<o:p></o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKzhr_rwHrDlQMahDN0_JE9Jb0tvB4s-gnSDK574bvM-iZjgqSLVmgNTzBUF0DC9dF0UneCJyLasof1mIZf-Qnn5piyR-5Ywv9XATXRgHWgzXQp-g5zM1UxpOws-J4FyNubsyKkXhJ0Ig/s1600/lino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKzhr_rwHrDlQMahDN0_JE9Jb0tvB4s-gnSDK574bvM-iZjgqSLVmgNTzBUF0DC9dF0UneCJyLasof1mIZf-Qnn5piyR-5Ywv9XATXRgHWgzXQp-g5zM1UxpOws-J4FyNubsyKkXhJ0Ig/s320/lino.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-68606980293864717892016-06-02T18:59:00.001-03:002016-06-02T19:07:25.267-03:00KRISTEVA<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaXPHcWqyKeLAGpG2hQz66FFA9R3LM1cQY2hE4jpKaz17mtkkaVM3ejgKq3Afop8uvfBV_xlq61wt3JKu8OTz6XzGz6AtpoCiZERIwAmtxmCziv86_Z9wOaYeADmoVKAJ9sMjg3LBZ9Tw/s1600/MAIO+68+PARIS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="411" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaXPHcWqyKeLAGpG2hQz66FFA9R3LM1cQY2hE4jpKaz17mtkkaVM3ejgKq3Afop8uvfBV_xlq61wt3JKu8OTz6XzGz6AtpoCiZERIwAmtxmCziv86_Z9wOaYeADmoVKAJ9sMjg3LBZ9Tw/s640/MAIO+68+PARIS.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Quero dizer mais uma vez que não discuto as vantagens
democráticas criadas por essa nova ordem mundial, penso que elas são consideráveis.
Todavia, afirmo que um aspecto essencial da cultura-revolta (...) está
ameaçado, que a própria noção da cultura como revolta e da arte como revolta
está ameaçada, submergidos que estamos pela cultura divertimento, pela cultura-performance,
pela cultura-show. ” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Em vez de adormecer na nova ordem normalizadora, tentemos
reanimar a chama, que tem tendência a se apagar, da cultura-revolta”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“A felicidade só existe ao preço de uma revolta. Nenhum de
nós se satisfaz sem enfrentar um obstáculo, uma proibição, uma autoridade, uma
lei que nos permita nos avaliar, autônomos e livres”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Mas e se acontecer que essa identificação com o poder não
funcione mais, que eu me sinta excluído (a), que eu não perceba mais o poder,
que se tornou normalizador e falsificável? O que acontece, então? O que devo
fazer?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Julia Kristeva<o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-70557090266936554602016-01-20T22:21:00.001-03:002016-01-20T22:21:33.168-03:00“ESTRELA DA TERRA”<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 9.75pt; mso-outline-level: 1;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 9.75pt; mso-outline-level: 1;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 9.75pt; mso-outline-level: 1;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; letter-spacing: -.75pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;">Paulo
Cesar pinheiro e </span></b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Dori Caymmi</span><b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; letter-spacing: -.75pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 18.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="mso-line-height-alt: 9.75pt; text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 19.2pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por mais que haja dor e agonia<br />
Por mais que haja treva sombria<br />
Existe uma luz que é meu guia<br />
Fincada no azul da amplidão<br />
É o claro da estrela do dia<br />
Sobre a terra da promissão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 19.2pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por mais que a canção faça alarde<br />
Por mais que o cristão se acovarde<br />
Existe uma chama que arde<br />
E que não se apaga mais não<br />
É o brilho da estrela da tarde<br />
Na boina do meu capitão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 19.2pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E a gente<br />
Rebenta do peito a corrente<br />
Com a ponta da lâmina ardente<br />
Da estrela na palma da mão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 19.2pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por mais que a paixão não se afoite<br />
Por mais que minh'alma se amoite<br />
Existe um clarão que é um açoite<br />
Mais forte e maior que a paixão<br />
É o raio da estrela do noite<br />
Cravada no meu coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 19.2pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E a gente<br />
Já prepara o chão pra semente<br />
Pra vinda da estrela cadente<br />
Que vai florescer no sertão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Igual
toda lenda se encerra<br />
Virá um cavaleiro de guerra<br />
Cantando no alto da serra<br />
Montado no seu alazão<br />
Trazendo a estrela da terra<br />
Sinal de uma nova estação<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">https://www.youtube.com/watch?v=a-o4MvK9IkM<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-90780315789416006832016-01-20T22:19:00.001-03:002016-01-20T22:19:58.155-03:00<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Acorda, vem ver a lua<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que dorme na noite escura<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que surge tão bela e branca<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Derramando doçura<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Clara chama silente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ardendo meu sonhar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As asas da noite que surgem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E correm o espaço profundo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Oh, doce amada, desperta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vem dar teu calor ao luar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quisera saber-te minha<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na hora serena e calma<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A sombra confia ao vento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O limite da espera<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quando dentro da noite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Reclama o teu amor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Acorda, vem olhar a lua<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Que brilha na noite escura<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Querida, és linda e meiga<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sentir seu amor é sonhar”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Música de Heitor Villa Lobos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Letra de Dora Vasconcellos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">https://www.youtube.com/watch?v=AQPddEHfLHs</span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-12021499712368606892016-01-20T22:14:00.000-03:002016-01-20T22:14:00.044-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5GGH8kq_dz5Y_YiMZJnfRb4aKSxwrcO33YAL4Zvyiaau4eVdCKlnGqkiNX3t_f7-UOhvCd8BB2fwMJ1tWWI3MOC993xjM4NHaMVY9jS_Me6b1qPWE1AVpYBIgsItzu4kY8FmOsUVEis0/s1600/Banner+A+Poesia+do+Percurso_0%252C90X1%252C80m.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5GGH8kq_dz5Y_YiMZJnfRb4aKSxwrcO33YAL4Zvyiaau4eVdCKlnGqkiNX3t_f7-UOhvCd8BB2fwMJ1tWWI3MOC993xjM4NHaMVY9jS_Me6b1qPWE1AVpYBIgsItzu4kY8FmOsUVEis0/s320/Banner+A+Poesia+do+Percurso_0%252C90X1%252C80m.jpg" width="160" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: #F6F7F8; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: #F6F7F8; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: #F6F7F8; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Encontro
aberto que tem como objetivo dividir com artistas, educadores e público
interessado os conteúdos produzidos pelos integrantes da Companhia Circo Godot
de Teatro durante os três meses de residência na sede da Comuna Teatro de Pesqui</span>sa, em Lisboa. Contemplado no Edital Conexão Cultura Brasil –
Intercâmbios nº 1/2014, do Ministério da Cultura, o Projeto Godot in Comuna foi
uma residência artística realizada pela Companhia Circo Godot em Portugal,
dividida em dois momentos: pesquisa documental e iconográfica em cidades
portuguesas de origem medieval (o material coletado servirá como fonte para um
próximo espetáculo a ser montado); e residência na sede da Comuna Teatro de
Pesquisa, na qual investigou-se a história do grupo português, se aproximando da
sua poética nestes 43 anos de existência, sua maneira de estar no mundo e se
posicionar frente aos problemas sociais, políticos, econômicos e artísticos de
seu tempo, interagindo, provocando reflexões, inquietações, interferindo na
forma de ser e estar no mundo.<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-53623595585633868492016-01-20T22:00:00.002-03:002016-01-20T22:18:15.452-03:00COMO ESTRELAS NA TERRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj3zLDy4RJkmJ6op4WOEo5vyutqXa-DRZnOy992Ka1nShjgFlIiO5tr0pkZEHp_PembTKMlseP2YD5JSgVfLupeix3HA69SWGC9_a62fpzD7zCjad5a06EYRqQm2dGiiN_vOsw6eajjNk/s1600/Como+estrelas+na+terra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj3zLDy4RJkmJ6op4WOEo5vyutqXa-DRZnOy992Ka1nShjgFlIiO5tr0pkZEHp_PembTKMlseP2YD5JSgVfLupeix3HA69SWGC9_a62fpzD7zCjad5a06EYRqQm2dGiiN_vOsw6eajjNk/s320/Como+estrelas+na+terra.jpg" width="226" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Filme de Aamir Khan.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Filme legendado :<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4">https://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
clipe do filme:<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=ImK0Ncl3xuI">https://www.youtube.com/watch?v=ImK0Ncl3xuI</a><o:p></o:p><br />
<br />
Crítica:<br />
http://setimacabine.com.br/critica-como-estrelas-na-terra/</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-83239920600421975732016-01-17T19:10:00.002-03:002016-01-17T19:10:30.305-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqLCNwwuIzE0VZGadSES96cFUn-51nzks0MVEq8Y5DRthHmMcxE5KcpiIGquqFnNC4d57NpRKrvHujZlvJvuZuB-341SD_u87WYfWAtfvsHix-l2ki5afVJI8k9n7tFemidY23iVrkCAw/s1600/12509715_810680492374262_1052373696500237717_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqLCNwwuIzE0VZGadSES96cFUn-51nzks0MVEq8Y5DRthHmMcxE5KcpiIGquqFnNC4d57NpRKrvHujZlvJvuZuB-341SD_u87WYfWAtfvsHix-l2ki5afVJI8k9n7tFemidY23iVrkCAw/s320/12509715_810680492374262_1052373696500237717_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px;">
CONVIDAMOS!</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Encontro aberto que tem como objetivo dividir com artistas, educadores e público interessado os conteúdos produzidos pelos integrantes da Companhia Circo Godot de Teatro durante os três meses de residência na sede da Comuna Teatro de Pesquisa, em Lisboa. Contemplado no Edital Conexão Cultura Brasil – Intercâmbios nº 1/2014, do Ministério da Cultura, o Projeto Godot in Comuna foi uma residência artística realizada pela Companhia Circo Godot em Portugal, dividida em<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"> dois momentos: pesquisa documental e iconográfica em cidades portuguesas de origem medieval (o material coletado servirá como fonte para um próximo espetáculo a ser montado); e residência na sede da Comuna Teatro de Pesquisa, na qual investigou-se a história do grupo português, se aproximando da sua poética nestes 43 anos de existência, sua maneira de estar no mundo e se posicionar frente aos problemas sociais, políticos, econômicos e artísticos de seu tempo, interagindo, provocando reflexões, inquietações, interferindo na forma de ser e estar no mundo.</span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-9684277329455172662015-10-24T21:54:00.002-03:002015-10-24T21:54:11.245-03:00Mãezinha<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhppiON3-PLRU3qze13HCuQ_Rkvuw3yeVuhKkUmnm1owbVzSQMXv75Q1Pyy7JRbpL7z4lAjBOlPihTRH3jDJxtStZs1va2nU0vAoaFtKpH9nSdd7MC56xt0gdztwjvhEWmbv3409waSAgs/s1600/antonio-lobo-antunes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhppiON3-PLRU3qze13HCuQ_Rkvuw3yeVuhKkUmnm1owbVzSQMXv75Q1Pyy7JRbpL7z4lAjBOlPihTRH3jDJxtStZs1va2nU0vAoaFtKpH9nSdd7MC56xt0gdztwjvhEWmbv3409waSAgs/s320/antonio-lobo-antunes.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Faz agora um ano que a minha mãe morreu e surpreende--me o que ela tem mudado depois de se ir embora. Não falo de idealização, não falo de saudades, falo de transformações reais. Parece-me que nada se alterou em mim em relação a ela, acho apenas que se modificou com o tempo. A nossa relação não foi sempre pacífica, muito poucas vezes foi pacífica, comecei logo por a minha mãe quase ter morrido, com uma eclampsia, quando nasci e, daí para a frente, as suas preocupações comigo não pararam. Meningite, tuberculose, cancros, isto no que diz respeito à saúde, no que diz respeito ao resto mau aluno, mal educado, o meu percurso escolar envergonhava-a, contava que ia ao liceu pedir aos professores que me pusessem na primeira fila visto que eu não ligava nenhuma às aulas, contava que, durante a prova escrita do exame de admissão, enquanto os outros meninos escreviam eu estava sentado ao contrário na carteira, a olhar para o tecto.</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- E por aí percebi logo o que ia ser a vida dele</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">acrescentava, já a ver-me vender Bordas d'Água e pensos rápidos nas esplanadas. Depois era desobediente, malcriado, mentiroso, passava o tempo a ir buscar papel almaço de trinta e cinco linhas para escrever, lia livros que nada tinham em comum com aqueles que devia estudar e roubava-lhe cigarros para fumar às escondidas na janela da casa de banho, todo inclinado para fora por causa do cheiro. Praticamente não falava e desobedecia o mais que podia. Julgo que, na sua ideia, era uma espécie de vagabundo a-social em botão. A minha passagem pela faculdade foi calamitosa, eu que queria trabalhar nas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian e, se acabei o curso, foi devido à teimosia do meu pai e ao auxílio do meu irmão João. Faltava às aulas, ia para o cinema encostar, ou deixar que senhoras que nem via encostarem a perna à minha, apresentava-me aos exames com uma ignorância virginal. Para o fim, desesperada, a minha mãe prometeu que me dava a carta de condução se eu fizesse os exames todos na primeira época e, daí para a frente, a partir do quarto ano, passei a fazer os exames todos na primeira época para ter mais tempo de férias para escrever. Aí, na praia, passava quase o verão inteiro fechado no quarto a fabricar obras-primas que deixavam de o ser mal as lia e acabavam, rasgadas com ódio, no lixo. Consciente da minha ausência de talento proclamava com modéstia</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Vou ser o maior génio do mundo</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e recomeçava depois de queimar aquilo junto à figueira do quintal. (O meu irmão Pedro apanhava as sobras. Se calhar achava-me um génio igualmente, sei lá, e fazíamos concursos de chichi a ver quem atirava o jacto mais longe.)</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Enquanto isto a minha mãe suspirava</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Oh filho</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">a abanar a cabeça com desgosto, tentava levar-me para o caminho da virtude, alto e fragoso, mas no fim doce, suave e deleitoso (Camões) e eu insistia nas redações, desesperado</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Ainda não é isto, ainda não é isto</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">sempre com vontade de desistir mas insistindo numa paciência de boi. A minha mãe lá ia aturando estas e outras desgraças, eu considerava-a intolerante e injusta, ela considerava-me uma criatura estranha (estou a ser simpático para comigo) mas, a partir de certa altura, comecei a olhá-la de uma maneira diferente. Trabalhava como uma moura para educar aquele rebanho de filhos, ocupava-se de tudo e, lentamente, começou a acreditar um bocadinho (pouco) em mim. O meu pai não era um homem fácil, nós não éramos muito fáceis, a sua vida não era fácil, o dinheiro não abundava, ela procedia diariamente à multiplicação dos pães e dos peixes (pães e peixes de toda a ordem) e, estranhamente, comecei a desconfiar que gostava dela mas nunca lho mostrei muito nem fui suficientemente grato. Não sei porque misteriosa razão era, muitas vezes, desagradável para ela, brusco, esquivo. Perto do fim comecei a dizer-lhe poemas, eu que já não os escrevia há que tempos (a minha mãe adorava poesia), a ser, de longe em longe, terno para ela, a, imaginem, beijá-la. Depois houve o episódio horrível da morte do Pedro, que continua a doer-me irremediavelmente. Fomos dizer à mãe, a mãe disse</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Tenham misericórdia de mim</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">a mãe acrescentou</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; margin-bottom: 1.7em; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Uma mãe não tem o direito de estar viva quando um filho morreu</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e, passado pouco tempo, desejosa de se ir embora para estar com o filho de novo, faleceu de tristeza. E principiou a aparecer diante de mim uma mulher inteligente, forte (ela que era pequenina e fisicamente frágil), decisiva na formação dos filhos (foi ela, por exemplo, que ensinou a ler), séria, honesta, de uma dignidade exemplar. Agora sim, conversamos às vezes. Agora sim, compreendo o pouco que recebeu da vida, sem queixumes (nunca foi azeda). Agora sim, compreendo que capaz de amar. Isto tudo ganhou depois de morrer e, claro, o que declarei ao princípio estava errado: não foi você, mãe, que mudou. Mudámos os dois. Quer dizer, deixemo-nos de tretas: mudei eu. Tenho o seu retrato na sala, grande, tão no género da maior parte dos seus filhos. Não no meu que saí à família do meu pai. Mas não faz mal, não é? Vim tanto de si como os meus irmãos e metade do sangue que derramei a escrever esta crónica pertence-lhe.</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; line-height: 30.6px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ANTONIO LOBO ANTUNES</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 30.6px;">http://visao.sapo.pt/opiniao/opiniao_antonioloboantunes/2015-10-16-Maezinha-1</span></span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: inherit; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 30.6px;"><br /></span></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-29860339212224925462015-10-24T21:48:00.001-03:002015-10-24T23:06:45.116-03:00TEMPO!<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDiJtpPOPWqayI4ApNeUocD6qfEMD7bxIXIPtXTQVE4J0Ii8zVv1wn2wi7BimyH5ENfFAKDGUypx5hmBsNil3lOjqh5Zoqf-o7mjAziSmOZTWFr4UCNoTkBdx-WamdsX-HEUjyJCNi-G4/s1600/Tempo+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDiJtpPOPWqayI4ApNeUocD6qfEMD7bxIXIPtXTQVE4J0Ii8zVv1wn2wi7BimyH5ENfFAKDGUypx5hmBsNil3lOjqh5Zoqf-o7mjAziSmOZTWFr4UCNoTkBdx-WamdsX-HEUjyJCNi-G4/s320/Tempo+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O tempo vai passar, irmão meu. </div>
<div class="MsoNormal">
Não fique triste. É mesmo assim.</div>
<div class="MsoNormal">
Tão certo é isso, tão plausível, que chego a estremecer ao
saber, ao compreender, ao sentir que não estaremos aqui para vermos, para continuarmos
a ver,</div>
<div class="MsoNormal">
A luz amarela da lua que algumas noites cheias têm...</div>
<div class="MsoNormal">
Ou o pôr de sol que se vê de certos lugares mágicos, </div>
<div class="MsoNormal">
Aos pés de despenhadeiros à beira mar.</div>
<div class="MsoNormal">
Nós passaremos pelo tempo que por ora ainda é nosso</div>
<div class="MsoNormal">
E ficarão umas fotografias, algumas notas</div>
<div class="MsoNormal">
E quem sabe um poema velho</div>
<div class="MsoNormal">
Nos advertindo de que a vida (mais que o tempo)</div>
<div class="MsoNormal">
PASSA MESMO.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
E que faz tu enquanto ele escoa?</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-88842016422537713022015-07-28T11:26:00.002-03:002015-07-28T11:26:31.888-03:00Então...<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Então...</span><span style="color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><br />
<span style="background: white;">Quando me apaixonei pela primeira vez, não sabia o
que era paixão. Só sentia uma saudade medonha quando ela não estava por perto.
Ficava desenhando mentalmente as feições de Leninha, mas sem conseguir traçar
bem as curvas, as cores, as reentrâncias, o perfume, o jeito moleca.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Um
dia a segui, sem que me percebesse, até a sua casa, que ficava próxima a
padaria do bairro. Dai em diante, fins de tarde, queria ir sempre comprar pão.
Minha mãe estranhou aquilo, aquela disponibilidade surpreendente para descer a r</span><span class="textexposedshow">ua, quando sempre me negava a ir. Passei a pentear mais o
cabelo, a botar perfume, a não ir tão desarrumado. Queria passar na frente da sua
morada, e havia um trecho do caminho em que andava em câmera lenta, para ver se
ela me via, para ver se eu conseguia vê-la. Uma vez a encontrei lavando louças
no quintal num vestidinho-inho-inho de chita, colorida e cheia de espuma nas
mãos. Linda, me viu, parou um momento o que estava fazendo e me sorriu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Assim, a partir desse instante breve (que durou
muito para soverter-se em minha imaginação), sempre que estava distante dela
redesenhava seus contornos, as suas curvas, as suas formas, mentalmente. E quando se
presentificava, quando de repente estava frente a frente com ela, sentia o
terremoto tomando corpo: frio na barriga (ou seriam borboletas?), tremores nas
mãos, um nó na garganta, gagueira súbita e um formigamento intenso nas pernas. Era
um cataclismo. E foi assim, desequilibradamente, que descobri o que era estar
apaixonado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Anos depois, quando comecei a fazer de teatro,
perto da minha primeiríssima estreia, na velha capela de São José, no Córrego
do Jenipapo (Casa Amarela), sabendo que em poucos minutos entraria em cena para
fazer algo que só eu poderia fazer, com a minha voz, meu suor, meu corpo, minha
vida, meu afeto, fiz outra nova descoberta (para mim) fantástica: é que outra
vez me vieram os tremores, outra vez o frio (borboletas?) na barriga, outra vez
o formigamento e uma vontade insana de fazer xixi. Era algo tão poderoso quanto
encontrar Leninha, era desestabilizador.</span></span><span class="apple-converted-space"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;"> E demorava um ou dois segundos para sentir o mundo
aquecer, depois que entrava em cena. É assim ainda, quando retorno aos palcos
(agora mais dirigindo as encenações do que trabalhando nelas como ator), todos
os sintomas, surpreendentemente, me retornam, fixam-se em mim, me
desestabilizam.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Agora neste início de agosto são vocês, meus
amores, meus colegas, meus amigos, do Curso de Interpretação para Teatro (SESC
Santo Amaro), que estarão entrando em cena para uma aventura intensa e cheia de
paixão com a Leninha de vocês. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Eu, ali sentado na platéia, no escuro, vou
torcer por cada instante. E vou pedir aos deuses todos que os iluminem com luz,
sucesso e aprendizado renovado em cada novo projeto que vocês se meterem. Vai
ser bom! Vai ser foda!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Uma vez, numa de nossas primeiras aulas, falei
sobre a grande diferença entre SER APAIXONADO e SER APAIXONANTE. Que uma pessoa
com paixão é coisa boa, mas que uma que seja capaz de incendiar os outros com a
sua paixão é supremo. Que possamos incendiar com a nossa paixão os que entrarem
em contato conosco. Que seja combustão pura. Que seja luz e calor. Agora,
estrelas, é chegada a hora de brilhar. Vão lá e arrasem!<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow"><span style="background: white; color: #141823; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Saudades de vocês, saudades de todos, saudades
de tudo.</span></span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-10581709926281029172015-05-24T18:05:00.002-03:002015-05-24T18:05:19.273-03:00<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outro dia estávamos conversando sobre ser criativo. Eu
prefiro falar de ser criador, que é algo que foge aos enfeites e perfumarias (e
muito mais difícil de alcançar)... <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Por que é que a tua atriz não diz os textos dependurada num
tecido, era muito mais criativo”. Sei. A
questão está na necessidade imperiosa que temos de pirofagia: quanto mais fogos
de artifício, melhor. Eu que tenho reais dificuldades com tudo o que é criativo,
estou sempre tentando fugir das receitinhas, embora saiba que não estou jamais
tentando redescobrir a pólvora. E sinto que muitos de meus pares tendem a
colocar obstáculos com a simplicidade das coisas. E isso me tira de verdade a
paciência. Faz lá o teu espetáculo e põe o teu tecido e pendura nele quem você
quiser. Acho digno. Mas não é a minha... a não ser que o próprio processo de
criação me solicite coisas assim, eu simplesmente me nego a fazê-lo. Que
outros, mais criativos que eu, o façam.<o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-35456319921175303242015-05-22T22:25:00.001-03:002015-05-22T22:25:11.647-03:00Violência - Zizek<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVjGFIV_cZuEnu6VXd48BGHSsNNAjOgpmnMeY-oFZMUVdYBIY36qhxAZBxVGSF9o05ieGk4mM2Fx9rmY6u_6hyphenhypheno4o4xfxCt5XuAihhaCsY3FAuf_9ECxeMjcJFeDeogF7WxTZqU-416Mc/s1600/zizek.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="118" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVjGFIV_cZuEnu6VXd48BGHSsNNAjOgpmnMeY-oFZMUVdYBIY36qhxAZBxVGSF9o05ieGk4mM2Fx9rmY6u_6hyphenhypheno4o4xfxCt5XuAihhaCsY3FAuf_9ECxeMjcJFeDeogF7WxTZqU-416Mc/s400/zizek.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">“A consciência
ética ingênua nunca deixará de se surpreender pelo fato de que pessoas que
cometem terríveis atos de violência contra seus inimigos possam manifestar uma
calorosa humanidade e delicada preocupação em relação aos membros de seu
próprio grupo. Não é estranho que o mesmo soldado que massacrava civis
inocentes estivesse pronto a sacrificar a sua vida por sua unidade? Que o
comandante que ordenava o fuzilamento de reféns pudesse na mesma noite escrever
à sua família uma carta cheia de amor sincero?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif";">Slavoj Zizek<o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-60620008563550404532015-05-22T22:07:00.003-03:002015-05-22T22:07:44.128-03:00Sol! Luz e fortuna!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAQw8-yVOE-QWzXNyqqqcqHVDjkuaJTwbbN-nK7c1RKmUSKAsZat46VByHZGqQDG5DGDijQHwKTnivnM_V8OJI9GV18loQ7C4281VARj6BhQfyEd7CoM3izIB9EReszDORoSGIM3ywbWM/s1600/CAFE+QUENTE+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAQw8-yVOE-QWzXNyqqqcqHVDjkuaJTwbbN-nK7c1RKmUSKAsZat46VByHZGqQDG5DGDijQHwKTnivnM_V8OJI9GV18loQ7C4281VARj6BhQfyEd7CoM3izIB9EReszDORoSGIM3ywbWM/s320/CAFE+QUENTE+2.jpg" width="320" /></a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Hoje ouvi de minha atriz que ela nunca e jamais se sentira sozinha no palco (apesar do trabalho ser um monólogo) porque sabia que eu estava ali com ela o tempo todo. E me deu um abraço apertado, já em vias de voltar à sua Itália querida. Eu fico contente por que é a mais pura verdade. Não trabalho sozinho e este espetáculo em especial só foi possível porque o monólogo é de fato um diálogo de muitas vozes juntas, de muita escuta, de muita cooperação. E além do mais (fora uns momentos em que a gente de fato precisa), é muito ruim se sentir só... e mesmo quando estamos deveras só, nunca estamos. Há que se ter pelo menos os fantasmas (os nossos) por companhia. Boa viagem, Sol! Luz e fortuna!</span>Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-24261677979959991272015-05-22T22:04:00.001-03:002015-05-22T22:04:17.162-03:00Tranquilo<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicRfDyEUreY0J6R6ShiaHPl7C7creg0PK3MiR82Dhk5w7azweSxLRH-loUCGUCPCxhyphenhyphenWF8jxQqqDzLxjzfCLpt4MmqqtUy8dsPwFKAEPxgL4vkyNabAL2RPJsJLM3BZh-dddkMMij1DpU/s1600/2014-12-10T070446Z_546068496_GF2EACA00N702_RTRMADP_3_POY-ODDLY-2014.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicRfDyEUreY0J6R6ShiaHPl7C7creg0PK3MiR82Dhk5w7azweSxLRH-loUCGUCPCxhyphenhyphenWF8jxQqqDzLxjzfCLpt4MmqqtUy8dsPwFKAEPxgL4vkyNabAL2RPJsJLM3BZh-dddkMMij1DpU/s320/2014-12-10T070446Z_546068496_GF2EACA00N702_RTRMADP_3_POY-ODDLY-2014.JPG" width="320" /></a><span style="font-family: "Georgia","serif";">O que ele queria
mesmo, o que alimentava secretamente em seu coração, era uma pausa mínima para
dar asas a outras faces de seu ser. Não exatamente uma vida mais tranqüila,
mais uma vida mais VIVA. Correndo sempre o tempo todo daqui para lá se sentia
como se sua vida se esvaísse em desnecessidades alheias que não lhe supriam o
vazio. Queria um espaço de tempo para beijar e passear com os seus filhos nas
cascatas de Bonito. Uma rede para balançar com o seu amor. Um silêncio cheio de
escuros aconchegantes debaixo de cobertores cálidos. Queria uma taça de vinho e
uma música suave em contraplano. Queria sentir a vida um tantinho que fosse
mais de perto. A felicidade talvez estivesse escondida na simplicidade das
coisas amenas.<o:p></o:p></span></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-13882364847094186712015-05-21T22:05:00.002-03:002015-05-21T22:06:54.719-03:00CARTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJd-BtqvQYo4htYvVqY-G0pDD7AxswWF9u4HOsUl4yx2FP5OiGZ_QKKn0Kxw-nAUzuTywzcgWh3Kn3Nie7wb4avgRt4mgEmxS-wWN4ldOvCrGg1U80Dsb9-SusZtbYNUWmKDutKhDHgh4/s1600/marioquintana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJd-BtqvQYo4htYvVqY-G0pDD7AxswWF9u4HOsUl4yx2FP5OiGZ_QKKn0Kxw-nAUzuTywzcgWh3Kn3Nie7wb4avgRt4mgEmxS-wWN4ldOvCrGg1U80Dsb9-SusZtbYNUWmKDutKhDHgh4/s400/marioquintana.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Meu
caro poeta,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Por
um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais
escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e
expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A
prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não;
descreve uma parábola tracada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito.
Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado
de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como
o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de
radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que
nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela
cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida:
me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres
para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano.
Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais
saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a
da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto
compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que
sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas
pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus
limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos
trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a
cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais
individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento
do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente
humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes
assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócritos!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Meu
poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à
parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A
culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em
que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos
professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que
se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas
que a gente faz mas não diz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">A
poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que
orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser
um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu
faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma
repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas.
A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado
da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem;
creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho
trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o
releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos).
Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era
falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas
que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu
deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo
é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de
menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Como
vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida
inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom
ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que
sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe
diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa
melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a
técninca dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando,
os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda,
que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera
popularidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Em
todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa
época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso
ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela
ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas,
da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para
depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade,
eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre
quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada
poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas
de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até
parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um
esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo,
me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de
enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica.
Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces,
ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Agora,
que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te
ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm,
pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que
chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome
universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram
indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Enfim,
meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui
a vinte anos. Combinado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Mario
Quintana</span></i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-50970749071470541662015-05-19T00:32:00.001-03:002015-05-19T00:32:36.190-03:00<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“Melhor sair para a
rua... Ou entrar para a rua? Mas se a rua não fosse uma espécie SUI
GENERIS de lar, porque se diz então 'A PORTA DA RUA' e não 'A PORTA
DA CASA'”</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mario Quintana</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2SXn4gZmPNdWVQv56OC1C1_SNlkOpf6_oLDl8qn6nHYxv0BmV8XecxcTi6x3hmBtCQVGAx7PTAn7hLcS-zmc7Cf15FraY89u9YvqtUVlam0arKNBTLcKRsNaNqZ-h6nWweVUpiAColVE/s1600/alegria2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2SXn4gZmPNdWVQv56OC1C1_SNlkOpf6_oLDl8qn6nHYxv0BmV8XecxcTi6x3hmBtCQVGAx7PTAn7hLcS-zmc7Cf15FraY89u9YvqtUVlam0arKNBTLcKRsNaNqZ-h6nWweVUpiAColVE/s320/alegria2.jpg" width="320" /></a></div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-64927644419956220862015-05-19T00:28:00.002-03:002015-05-19T00:28:41.976-03:00DA DIFÍCIL FACILIDADE<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“É preciso escrever
um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito
pela primeira vez”.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mário Quintana</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-37436968443297456412015-05-19T00:27:00.004-03:002015-05-19T00:27:57.579-03:00QUINTANA 5<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“A nossa própria
alma apanha-nos em flagrante nos espelhos que olhamos sem querer”</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-40590722494664667382015-05-19T00:27:00.002-03:002015-05-19T00:27:24.081-03:00QUINTANA 4<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“O relógio de parede
numa velha fotografia – está parado?”</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2123974096085881899.post-68032349712689872532015-05-19T00:22:00.005-03:002015-05-19T00:22:55.126-03:00QUINTANA 3<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
“O fantasma é um
exibicionista póstumo”</div>
Quiercleshttp://www.blogger.com/profile/14039672897590639360noreply@blogger.com0