sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Minha doce Michelli,

Mantenha a calma, respire, vai dar tudo certo. Creia. É fantástico a gente se reconhecer nas coisas que faz, descobrir o nosso lugar no mundo. Eu sei como é isso. E sei que pode gerar muita ansiedade e medo de perder, de voltar ao estágio do se perder. Mas se tranquilize. (E quando digo para se tranquilizar não é para esmorecer, virar preguiçosa, não. É para que possa curtir cada passo dado, para que trabalhe pacientemente em cada projeto em que se envolver.) Seja uma operária, uma pesquisadora, entregue ao mergulho. Se apaixone por tudo o que estiver ao seu alcance. Trabalhe seu corpo, sua alma, seu coração, suas inteligências, faça oficinas e cursos (não apenas de teatro, mas os de dança, de canto, de música, de capoeira, que achar pela frente,), se misture, apareça, invista no seu crescimento, na qualidade de seu olhar sobre o mundo. Leia os grandes e os pequenos poetas, os filósofos, os místicos. Veja os pintores, os cineastas,  os escultores, os escritores. Leia aqueles que dizem para a gente não ler. Experimente-se, avalie-se, crie, garimpe. Nada fugirá de você, se tiver de ser seu. E que tudo o que for seu, você tenha plena consciência do quanto de você foi colocado para que o adquirisse. Que 2014 seja um ano de novas descobertas. De muita procura. E de muitos bons encontros. Eu aposto em você. Aposte também, mas aposte com serenidade. E, no mais que pode, sê feliz!

Beijos.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Jacentes

“Eu não cesso de perder-te desde aquele quarto de hotel
Onde nua e de costas tu me gritaste vá embora
Eu não me recordo mais da nossa discórdia, do meu erro
Só do papel, do curvo dorso,
Da natureza morta do dia e do armário,
E de minha viva crença indolor de que eu iria te reencontrar.”

Michel Deguy

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

“Para que algo fique interessante, basta contemplá-lo demoradamente.”
Gustave Flaubert

Teatro Jornal (Revista On Line)

http://teatrojornal.com.br/



“Assim como se deve manter distância para ver os objetos, assim também se deve mantê-la em relação à sociedade; cada um tem seu ponto de vista, de onde quer ser visto; temos razão, muitas vezes, de não querermos ser iluminados de muito perto e não há homem que queira ser visto exatamente como é.”

François La Rochefoucauld

“Considerar que a arte pensa significa que a obra de arte – quando o é – porta o singular, é acontecimento, porque provoca rompimento com os saberes estabelecidos, ou, em outras palavras, pelo que é regulado pela norma fálica. A Obra pode ser pensada como o sujeito da verdade artística. Ao artista caberia um lugar na composição desse “ponto / sujeito” como lugar de atravessamento de uma verdade que o excede.”

Sônia Borges

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

DESEJOS



“Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.”


Carlos Drummond de Andrade