Mesmo sendo uma pessoa um tanto quanto difícil (DIZEM POR
AI) acabo que também sou fácil demais para dar risada. Vou ao teatro e, se acho
alguma coisa engraçada, riu. Não sei se me entendem quando digo assim; é que
não dou uma risadinha acanhada, escondida, mesquinha, entendem? Riu, riu mesmo,
com a boca toda, acanalhadamente, como quem não tem mais tempo para rir no
futuro e junta tudo para rir ali na hora. E isso às vezes me dá alguma
chateação: ou a namorada me beliscando no escuro (o que, é verdade, não tem
feito mais) ou alguém vindo perguntar, depois do espetáculo findado, por que é que
eu tinha rido na hora errada. Que merda, meu! Foi assim uma vez quando fui ver o
“Cordel do Amor Sem Fim”, uma ou duas cenas em que não medi os decibéis e
mandei ver. E não é por que queira, é por que vem a vontade e não ponho
filtros. Teve uma vez que estava lendo “Angústia” de Graciliano... meu Deus!
Que livro hilário! Ai veio um amigo escritor me disse que não via aonde eu via
graça. Acho que situação absurda que a personagem vive, o jeito do escritor por
lá as descrições e os pensamentos do sujeito.
Ontem, que maravilha!, assistir ao espetáculo “A Carta”, do dinamarquês
Paolo Nani. Criado em 1992, o trabalho a mesma história (um cara escrevendo uma
carta e descobrindo depois que a caneta não tem tinta) de 15 maneiras diferentes.
Quase sem palavras, o espetáculo é sensacional. Pura bobagem, feita com
maestria. O nosso lado mais idiota, posto no palco, sem conta-gotas.
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