sábado, 3 de novembro de 2012

Paolo Nani e a nossa idiotia




Mesmo sendo uma pessoa um tanto quanto difícil (DIZEM POR AI) acabo que também sou fácil demais para dar risada. Vou ao teatro e, se acho alguma coisa engraçada, riu. Não sei se me entendem quando digo assim; é que não dou uma risadinha acanhada, escondida, mesquinha, entendem? Riu, riu mesmo, com a boca toda, acanalhadamente, como quem não tem mais tempo para rir no futuro e junta tudo para rir ali na hora. E isso às vezes me dá alguma chateação: ou a namorada me beliscando no escuro (o que, é verdade, não tem feito mais) ou alguém vindo perguntar, depois do espetáculo findado, por que é que eu tinha rido na hora errada. Que merda, meu! Foi assim uma vez quando fui ver o “Cordel do Amor Sem Fim”, uma ou duas cenas em que não medi os decibéis e mandei ver. E não é por que queira, é por que vem a vontade e não ponho filtros. Teve uma vez que estava lendo “Angústia” de Graciliano... meu Deus! Que livro hilário! Ai veio um amigo escritor me disse que não via aonde eu via graça. Acho que situação absurda que a personagem vive, o jeito do escritor por lá as descrições e os pensamentos do sujeito.
Ontem, que maravilha!, assistir ao espetáculo “A Carta”, do dinamarquês Paolo Nani. Criado em 1992, o trabalho a mesma história (um cara escrevendo uma carta e descobrindo depois que a caneta não tem tinta) de 15 maneiras diferentes. Quase sem palavras, o espetáculo é sensacional. Pura bobagem, feita com maestria. O nosso lado mais idiota, posto no palco, sem conta-gotas. 


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