“Há signos que nos obrigam a pensar no tempo perdido, isto é, na passagem do tempo, na anulação do que passou e na alteração dos seres. Rever pessoas que nos foram muito familiares é uma revelação, porque seus rostos, não sendo mais habituais para nós, trazem em estado puro os signos e os efeitos do tempo, que modificou determinados traços, alongando-os, tornando outros flácidos ou vincados. O Tempo, para tornar-se visível, ‘vive à cata de corpos e, mal os encontra, logo deles se apodera, a fim de exibir a sua lanterna mágica’. No final da Recherche Proust (...) Ao invés de ver nisso o fim do mundo, compreende que o mundo que havia conhecido e amado era em si mesmo alteração e mudança, signo de um Tempo perdido (até mesmo dos Guermantes nada permaneceu além do sobrenome). Proust não concebe absolutamente a mudança como uma duração bergsoniana, mas como uma defecção, uma corrida para o túmulo.”
Deleuze
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