Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
Sobre o pilar, ao lado da cancela,
E abre com ela a porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra.
Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
O cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
Pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram à relva e sol, na arca e nos quartos,
Os linhos fartos, e cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
Nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela e vai.
Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece.
Guilherme de Almeida (1890-1969)
Qui, o poema é lindo, com cheirinho de terra molhada (tua cara). E este novo visual do blog tá melhor ainda: quem criou? Tu mesmo?
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