Outro dia estávamos conversando sobre ser criativo. Eu
prefiro falar de ser criador, que é algo que foge aos enfeites e perfumarias (e
muito mais difícil de alcançar)...
“Por que é que a tua atriz não diz os textos dependurada num
tecido, era muito mais criativo”. Sei. A
questão está na necessidade imperiosa que temos de pirofagia: quanto mais fogos
de artifício, melhor. Eu que tenho reais dificuldades com tudo o que é criativo,
estou sempre tentando fugir das receitinhas, embora saiba que não estou jamais
tentando redescobrir a pólvora. E sinto que muitos de meus pares tendem a
colocar obstáculos com a simplicidade das coisas. E isso me tira de verdade a
paciência. Faz lá o teu espetáculo e põe o teu tecido e pendura nele quem você
quiser. Acho digno. Mas não é a minha... a não ser que o próprio processo de
criação me solicite coisas assim, eu simplesmente me nego a fazê-lo. Que
outros, mais criativos que eu, o façam.
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