Fui chamado para na próxima semana conversar sobre Poesia com
um grupo de dança de Recife. Muito honrado!
Mas o convite me deixa ao mesmo tempo um tanto quanto fora
de mim. De que poesia falar exatamente? E o que mesmo temos por poesia?
Sim, há a poesia da palavra (fazer rimas não é a mesma coisa
que fazer poemas, lembrem), mas ela também se verifica, se prontifica, se
exprime em outros suportes, em outras dimensões, em outras artes.
Uma fotografia de Steve McCurry não é um poema?
Por falar em fotografia poetizada, seria ela mesma a poesia
ou serviria apensa de suporte? Ou será que o suporte é a poesia encarnada?
A dança, um movimento, uma respiração não é um poema?
E a música (Deus, a música!); e uma escultura de
Michelângelo (mesmo inacabada) não seria poesia? E um quadro de Dali? Ou de
Pollock? Ou de Van Gogh?
“O Intendente Sansho”
é poesia. “A Grande Beleza” é poesia. Quer mais poesia do que a gente pode
beber em “Leolo”? E o novo filme do Camilo Cavalcante (vi somente o teaser, por
enquanto) parece que é poesia do começo ao fim.
Pois é, temos o que ver e o que pensar.
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