domingo, 7 de dezembro de 2014

Se acaso a minha obra envelhecer
E o meu olho de artista ficar cego
A ponto de não conseguir mais perceber
A beleza do feio, a feiúra do belo,
O grotesco do sublime, O piegas do sincero,
Quero, ao menos ouvir dos amigos
(espero!)
A impressão (mesmo inexata)
Da sensação que meu trabalho lhes causou.

Pois não se vai ao teatro como se entra no sarcófago
De Tutancâmon.
Vai-se ao teatro (ou ao cinema) para se ter uma experiência
Diferenciada do mundo, da vida, de tudo.
É triste um artista se achar genial,
Quando na verdade.
Passada a régua, finalizada a conta,
Faz obras que ficariam melhor
No período medieval.
Pois já nascem mortas, mofadas, enrijecidas,
Com pouco fôlego para fazer sonhar, pensar, tocar
A quem quer que seja.
Um mestre cozinheiro
Que perdeu a mão,
É preciso que saiba que a perdeu,
Para que talvez num esforço de entranhas
Possa se dar ao trabalho
De sair de seu lugar confortável
Para se redescobrir novamente (ia dizer, se reinventar)
Senhor da cozinha.




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