“O que hoje recebes
e não podes pegar,
guardar
é imperecível,
presente
onipresente.
Estás com ele na
chuva
e não temes que se
desfaça.
Estás com ele na
multidão
e não o escondes
dos mutilados.
O que não existe
para os homens
deles estará
protegido,
o que os homens
não vêem
não poderão
espedaçar.
Eis o que não te
denuncia
porque não tem
face
nem volume para
ser jogado no mar.
Eis o que é jovem
a cada lembrança
porque não tem
data
e série, para
envelhecer.
O que hoje recebes
não pode ser
devolvido.”
Alberto da Cunha Melo
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