quinta-feira, 1 de agosto de 2013

“Há as estratégias dos artistas que se propõem mudar os referenciais
Do que é visível e enunciável ,
Mostrar o que não era visto,
Mostrar de outro jeito o que não era facilmente visto,
Correlacionar o que não estava correlacionado,
Com o objetivo de produzir rupturas no tecido sensível das percepções
E na dinâmica dos afetos. 
Esse é o trabalho da ficção.
Ficção não é criação de um mundo imaginário oposto ao mundo real.
É o trabalho que realiza ‘dissensos’,
Que muda os modos de apresentação sensível
E as formas de enunciação,
Mudando quadros, escalas ou ritmos,
Construindo relações novas entre a aparência e a realidade,
O singular e o comum,
O visível e sua significação.
Esse trabalho muda as coordenadas do representável;
Muda nossa percepção dos acontecimentos sensíveis,
Nossa maneira de relacioná-los com os sujeitos,
O modo como nosso mundo é povoado de acontecimentos e figuras.
(...) As formas da experiência estética e os modos da ficção 
Criam assim uma paisagem inédita do visível,
Formas novas de individualidades e conexões,
Ritmos diferentes de apreensão do que é dado,
Escalas novas.”

Jacques Rancière em “O Espectador Emancipado”

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