quinta-feira, 1 de agosto de 2013

NOSTALGIA DA LUZ - filme de Patricio Guzman

Foi Patricio Guzmán, há anos atrás (sic), quem nos ensinou que a memória é obstinada: as marcas da ditadura de Pinochet, apesar de ocultas, escondidas e ignoradas, continuam vivas para quem queira e saiba buscá-las. Sem rancor e com a mente aberta, pois como disse o próprio Guzmán, durante a apresentação do seu último filme no Festival de Cannes, “lembrar ajuda a construir o futuro”, este cineasta chileno se enfrenta novamente com o arrepiante legado de Pinochet em um dos seus mais brilhantes filmes, possivelmente o auge, até o momento, de uma trajetória de compromisso político e poético, pessoal e patriótico, com sua memória e a de seu país inteiro. Patricio Guzmán viaja ao norte do Chile, às áridas terras do deserto do Atacama, para conectar dois pontos tão distantes no espaço, quanto próximos no seu trabalho sobre a memória: a astronomia e a busca dos cadáveres daqueles que sofreram a represália da ditadura de Pinochet. Com seus telescópios gigantes os astrônomos observam o passado no céu, as luzes que emitiam algumas estrelas que talvez já nem existam, e, ao seu lado, as mães e esposas dos desaparecidos arranham o chão e olham o que está mais próximo, em busca também da memória do país e de suas famílias. Nunca a terra havia estado tão perto de tocar o céu. Nunca houve tanta luz em uma tela de cinema.

 http://www.cineconhecimento.com/2012/12/nostalgia-da-luz/

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