quinta-feira, 1 de agosto de 2013
À LUZ DE PATRICIO GUZMAN
Patricio Guzmán (Santiago, Chile, 1941) é um cineasta na primeira pessoa – singular em sua voz, plural em suas considerações. Seus documentários são extremamente pessoais em termos de perspectiva, mas o que eles tentam capturar através de suas perguntas e reminiscências é uma narrativa coletiva. Seu trabalho tem sido intensa e extensamente substanciado pela experiência da Unidade Popular do Chile, pelo golpe militar de 1973 e pela ditadura.
O presente é muitas vezes documentado de modo a deixar um registro quando esse momento se torna passado, como no álbum de família que o diretor gosta de evocar. Foi o que aconteceu com seus filmes da década de 1970, que lhe trouxeram reconhecimento internacional. Ficou claro que, independentemente do resultado, a presente realidade era por demais significativa para não ser gravada no ato. É assim que a brutal interrupção da presidência de Allende se torna uma parte tão importante da vida e filmes de Guzmán – se é que se pode dissociar uma coisa da outra –, como Primer año (1973) e sua célebre trilogia A Batalha do Chile (1975-1979), que ele terminou no exílio; e posteriormente Salvador Allende (2004).
Mas documentar não impede o esquecimento. O que fazemos hoje com os vestígios do passado? Memória, bem como a nossa necessidade de lembrar, tem sido uma questão central de todos os filmes de Patricio Guzmán (diretamente abordada em Chile, A Memória Obstinada (1997), e não menos do que no recente Nostalgia da Luz (2010), que reflete sobre como o passado define o presente).
Com a premiação pelo conjunto da obra para um talento latino-americano, a FIPRESCI reconhece a importância e a consistência do trabalho de Patricio Guzmán, e seu compromisso com a memória.
Pamela Biénzobas
Crítica de cinema chilena
http://2011.festivaldorio.com.br/mostras/homenagem-patricio-guzman/
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