quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tempo Pedido

Quase uma ode em razão de um tempo perdido ganho em tempo grande de um grande amor.
Ou
O tigre que atravessou a ponte esqueceu o cordeiro e a ponte caiu. O tigre foi-se. O cordeiro permanece. O amor é estranho.

Quase cicratiza a ferida ferida empapada de açúcar mas, o tempo não quis!
Além desse doce interno que come e fatalmente não matará
Pois, fatalmente já é mortal
Cambaleia a cabeça que o corpo insepara.

Ratos Roem a Rolha do Remédio Ruim do Rei de Roma
e Falcão jogou muita bola.
O remédio ruim seria veneno
A rolha roída apenas migalhas.

O rato roeu a rolha e morreu
O rei bebeu o remédio ruim e curou-se
Nem o rei estava doente
Tampouco o rato era suicida.

Mas ratos e reis se parecem
Como se parecem os amantes com ratos e reis.

A vida perdeu a graça
Quando a graça perdeu graça.

Rói rato que quando rói
Rói o de fora e o de dentro
Rói rato que roer completo
É roer quase o pensamento.

Bebe rei o ruim remédio
Dantes fora e depois por dentro
Embeba-se remédio do interno rei
Como se o avesso fosse o centro.

Ah! Circunflexos voadores!
Que destapam letras.
Órfã ortografia que errar é humano
Voa, voa, em sua rigidez.

Quando chove uso chapeuzinho
Cubro letras com guarda-chuvas.

Almir Rodrigues
1998/2010

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