Você sai da reunião mais cansado do que quando entrou.
Era um piano antes. Agora são dois e um pianista gordo
montado em cima.
Doem suas costas. E sua cabeça gira em muitas dimensões,
Noutras direções,
Tateando palavras, juntando cacos que façam algum sentido.
Miranda, a majestade de cultura pífia, como tantas outras
majestades,
Manda que todos se calem para que possa desfilar seu
poderzinho tacanho.
Você desvia o olhar para a janela de vidro baço.
Mantém lá fora, o quanto pode, o seu olhar, seus pensamentos
seus sonhos.
Aqui tudo isso vale nadas.
Percebe no fim de tarde, quase noite,
A tempestade evoluir num cinzento céu de setembro.
Enquanto se avoluma a cauda do piano
E o gordo pianista cria árias
Em acordes desarmônicos.