Isso fazia parte da inteireza de meus sonhos.
Guardava a sete chaves,
Como quem escondia tesouros no quintal,
Um segredo sagrado nas arcas do sótão.
Mesmo com toda injustiça posta,
Com toda peleja que é levar avante a vidinha bosta,
Com as cores em decaídas de semitons
Com sofridos partos de cada dia,
Se pudesse ser seria
Poeta, daqueles, bons.
Ah! Quem me dera o dom de
Fazer passar por palavras
As imagens comoventes
Mãe com um pote d’água na cabeça
Lençol balançando em poentes
Varais de roupas lavadas
Deságuas do riachinho
E um menininho, eu,
À sombra de uma mangueira
Esperando a enxaguada hora
Pra daí voltar para casa,
Com cheiro de café preto de pilão
Em fim de tarde chuviscosa
Pouco antes da gente ingressar
Na noite dos candeeiros.
Se um dia eu fosse poeta
Pintaria em aquarelas
Esse sons de vagalumes
Com a vovó costurando
Os pedaços de mim sobrados
Em lençóis de retalhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário