quinta-feira, 28 de abril de 2011

Calendarios

Estão correndo os dias e as noites. O cromo despenca seus frutos, folha por folha, a cada manhã. Calendários voam da parede e outro logo se estabelece para de novo dar lugar a outro e outro e outro, numa via e volta sem fim. O relógio não pára do avanço e notícias boas não fazem a compra do jornal. Olho para os meus filhos, miúdos ainda para compreender, e penso no que serão deles nos anos que estão por vir. E os filhos dos filhos deles?
Luto para manter um sorriso e cantar uma canção mais alegre, mas tem dias que não dá, meu Deus!
Não quero parecer tão triste ou mais triste do que sou, Aninha. Mas que posso fazer se assim é? Tem dias que a gente acredita na melhora das coisas, quer ser otimista, quer ser zen, quer achar graça nas coisas todas, por fé no porvir, uma Ana Maria Braga da vida, mas há dias em que tudo, tudo, tudo parece mesmo distante de fim feliz, se é que fim feliz há.
Espio os meus pais ainda vivos, mas já velhos, já cansados. Até onde durarão junto a mim? Minha mãe côa um café cheiroso e quente e, sempre que estou nas cercanias, me convida para um lanche de entardecer em sua mesa: café, tapioca, pão e queijo. Até onde brindaremos o convívio?
Na ultima sexta-feira santa morreu a mãe de uma amiga para as bandas do Ceará. A mãe de outro está em vias de se ir em Recife mesmo. E um amigo acaba de me confessar de que há possibilidades de câncer de pele nele habitar. Isso sem falar nas atrocidades dos quase anônimos que vemos na TV. Não faz muito um doido aí andou a matar adolescentes numa escola no Rio.
Sei, sei... dirão que este meu blog é de muita tristeza só. Vocês têm o direito de nem lê-lo, dele se desligar e ir atrás das festinhas. Eu mesmo até que fazia gosto de cantar uma canção mais alegre. E entôo melodias mais doces, tem dias. Mas na força não, fica feio. Música boa não é aquela que a gente canta, é antes aquela canta a gente quando tem precisão.
hoje canto pouco, ou melhor, nem canto. Só contemplo o rio correr, enquanto a vida vai passando sem pressa para outras margens.

Um comentário:

  1. É Qui. Há coisas tristes e muitas. Algumas que a gente nem vê... e estão lá: os meninos de perninhas finas que tem os ratos como companheiros em casas que mais parecem o próprio esgoto do mundo... Mas, então, de repente, este menino ri. E a gente pensa que, se esta criança que é o retrato da tristeza, ainda tem coragem de rir, é porque há muita e muita alegria no mundo. Então, é só sentir o vento, a chuva, o cheiro das manhãs e o silêncio das noites. E colocar os pés na água do mar... Beijos muitos.

    ResponderExcluir