quarta-feira, 20 de julho de 2016

ANTES QUE TERMINE O DIA


A todas as pessoas que foram, são ou serão minhas amigas um dia.
Algumas que nem consigo lembrar o nome hoje, mas que foram imprescindíveis no passado.
Outras que são mesmo para sempre e tão somente porque existem, é que posso eu também existir e ser eu.
Gente que me deu a mão, o braço, o ombro, a força, a palavra, o lenço, o sorriso, a festa surpresa, o colo, o lenitivo, a esperança, a coragem, o apoio.
Gente que cantou ao meu lado quando ainda tinha o Zambiola e um desejo enorme de ser artista; gente que me pagou o almoço quando eu não tinha nada nos bolsos para cooperar com o rango; gente que lembrou de mim num reveillon e na última horinha, quase no já já vira, ligou para dizer que o ano tinha sido bom porque nós tínhamos juntos enfrentado muitos leões; gente que acreditou em mim, que me pôs as mãos nos ombros, nas costas e me empurrou para diante; e todos os “não desista!”, “acredite!”, “te amo!”
Todos os que me amparam em seus guarda-chuvas nos invernos infernais desta cidade.
E os que comigo riram, choraram, beberam, dormiram, viajaram, quiseram, doaram, dividiram, multiplicaram, apostaram, me puxaram a orelha, me chamaram na vera.
Sem vocês eu teria caído antes, bem lá atrás. E talvez nem tivesse ânimo para me erguer novamente. Sem vocês eu seria menor, certamente. E se cheguei, quase lugar nenhum, foi porque tantos foram generosos com os meus tropeços.
Aos meus amigos, aos que nem posso nominar porque graças aos céus, aos orixás, a Deus, nem consigo contar direito quantos são (não que sejam muitos, mas o bastante para a alegria e festa de meu coração). Tantos rostos, tantos nomes, tantas narrativas, tanta saudade.
Valeu! Valeu muuuuuito! Vale sempre. Mesmo tão distante, mesmo silenciado, estou aqui. E amo vocês de um jeito que não tem como imaginar.
Muito agradecido mesmo.
Beijos.

Q.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

KRISTEVA

“Quero dizer mais uma vez que não discuto as vantagens democráticas criadas por essa nova ordem mundial, penso que elas são consideráveis. Todavia, afirmo que um aspecto essencial da cultura-revolta (...) está ameaçado, que a própria noção da cultura como revolta e da arte como revolta está ameaçada, submergidos que estamos pela cultura divertimento, pela cultura-performance, pela cultura-show. ”

“Em vez de adormecer na nova ordem normalizadora, tentemos reanimar a chama, que tem tendência a se apagar, da cultura-revolta”.

“A felicidade só existe ao preço de uma revolta. Nenhum de nós se satisfaz sem enfrentar um obstáculo, uma proibição, uma autoridade, uma lei que nos permita nos avaliar, autônomos e livres”.

“Mas e se acontecer que essa identificação com o poder não funcione mais, que eu me sinta excluído (a), que eu não perceba mais o poder, que se tornou normalizador e falsificável? O que acontece, então? O que devo fazer?”


Julia Kristeva

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

“ESTRELA DA TERRA”



Paulo Cesar pinheiro e Dori Caymmi
  
Por mais que haja dor e agonia
Por mais que haja treva sombria
Existe uma luz que é meu guia
Fincada no azul da amplidão
É o claro da estrela do dia
Sobre a terra da promissão.
Por mais que a canção faça alarde
Por mais que o cristão se acovarde
Existe uma chama que arde
E que não se apaga mais não
É o brilho da estrela da tarde
Na boina do meu capitão.
E a gente
Rebenta do peito a corrente
Com a ponta da lâmina ardente
Da estrela na palma da mão.
Por mais que a paixão não se afoite
Por mais que minh'alma se amoite
Existe um clarão que é um açoite
Mais forte e maior que a paixão
É o raio da estrela do noite
Cravada no meu coração.
E a gente
Já prepara o chão pra semente
Pra vinda da estrela cadente
Que vai florescer no sertão.
Igual toda lenda se encerra
Virá um cavaleiro de guerra
Cantando no alto da serra
Montado no seu alazão
Trazendo a estrela da terra
Sinal de uma nova estação
https://www.youtube.com/watch?v=a-o4MvK9IkM


“Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm o espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir seu amor é sonhar”

Música de Heitor Villa Lobos
Letra de Dora Vasconcellos


https://www.youtube.com/watch?v=AQPddEHfLHs


Encontro aberto que tem como objetivo dividir com artistas, educadores e público interessado os conteúdos produzidos pelos integrantes da Companhia Circo Godot de Teatro durante os três meses de residência na sede da Comuna Teatro de Pesquisa, em Lisboa. Contemplado no Edital Conexão Cultura Brasil – Intercâmbios nº 1/2014, do Ministério da Cultura, o Projeto Godot in Comuna foi uma residência artística realizada pela Companhia Circo Godot em Portugal, dividida em dois momentos: pesquisa documental e iconográfica em cidades portuguesas de origem medieval (o material coletado servirá como fonte para um próximo espetáculo a ser montado); e residência na sede da Comuna Teatro de Pesquisa, na qual investigou-se a história do grupo português, se aproximando da sua poética nestes 43 anos de existência, sua maneira de estar no mundo e se posicionar frente aos problemas sociais, políticos, econômicos e artísticos de seu tempo, interagindo, provocando reflexões, inquietações, interferindo na forma de ser e estar no mundo.