sábado, 15 de novembro de 2014
Quando, pela primeira vez, perdi um grande amor, pensei que fosse morrer. Levei meses para voltar a respirar direito. Para azar meu, faltavam 10 dias para o meu aniversário. E o bolo amargava como se fosse feito de fumo. Alguém tinha morrido e, incrível, parecia que esse alguém era nada mais nada menos que eu mesmo.
Um dia, por acaso, fui parar dentro de uma velha capela, numa comunidade da periferia de Recife. Estavam fazendo um Auto de Natal. Faltava a melhor iluminação, não havia um figurino lá tão bom, a maquilagem era canhestra, mas a vontade do elenco de fazer com que algo nos tocasse nos tocava de fato, verdadeiramente. No final, José e Maria fugiam pelo deserto e o elenco cantava uma música do Geraldo Azevedo. Assim mesmo. Um milagre então aconteceu: sem esperar o melhor dos espetáculos, fui abduzido pela força dos amantes.
Ter um filho foi uma experiência grandiosa… Não é algo tão besta quanto querem uns acreditar. Pelo menos, não foi para mim. Na tarde em que o vi face a face pela primeira vez, senti o mundo girar sob os meus pés. Parece, de repente, que nunca mais seremos os mesmos, que algo foi alterado pra sempre: é que alguém que não havia, agora há. Uma mágica tão contundente quanto aquela outra, só que inversa: alguém que havia, já não há mais.
Assinar:
Postagens (Atom)