quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

LUDOVIC FLORENT


VEJAM AS FOTOGRAFIAS DESTE SUJEITO:

http://www.ludovicflorent.fr/

"Que todo mundo tenha um amor quentinho.
Descanso pro complicado do mundo.
Surpresa pra rotina dos dias.
A quem esperar.
De quem sentir saudades.
Um nome entre todos.
O verso mais bonito.
A música que não se esquece.
O par pra toda dança.
Por quem acordar.
Com quem sonhar antes de dormir.
Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar.
Um tema pra toda história.
Uma certeza pra toda dúvida.
Janela acesa em noite escura.
Cais onde aportar.
Bonança, depois da tempestade.
Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo."

Briza Mulatinho

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

'O Dia que Durou 21 Anos'




Diálogos do presidente dos Estados Unidos revelados em gravações da Casa Branca, uma frota naval com um porta-aviões e navios torpedeiros parte da costa norte-americana em direção ao Brasil e um plano de contingência prevê detalhes de um golpe de Estado no maior país da América Latina.
Essas cenas não são de um filme de ficção. Elas estão no documentário brasileiro "O Dia que Durou 21 Anos", que estreia hoje nos cinemas -- às vésperas do aniversário de 49 anos do golpe militar de 1964.
Com direção de Camilo Tavares, o filme destaca o papel dos Estados Unidos para a criação de um ambiente que resultaria no golpe para derrubar o presidente João Goulart, dando início aos 21 anos da ditadura militar no Brasil.
A origem da pesquisa para o filme coincide com a busca pela origem de sua própria história, diz Camilo, que nasceu no México, onde seus pais viviam exilados, em 1971, no auge da ditadura militar.
Camilo é filho de Flávio Tavares, um dos 15 presos políticos libertados em troca do embaixador norte-americano sequestrado, Charles Elbrick.
"Queria entender por que sequestraram um americano. A gente tem pouca noção de quanto os Estados Unidos interferiram [no golpe]. Então o filme foi uma busca por essa resposta", disse à Folha.
Resultado de uma pesquisa que durou mais de três anos, o documentário usa como fonte gravações de diálogos da Casa Branca de 1962 a 1964, recentemente tornadas públicas.
Entre elas, uma de junho de 1962 em que "o embaixador dos EUA no Brasil Lincoln Gordon expõe ao então presidente John F. Kennedy a necessidade de uma infiltração nas Forças Armadas brasileiras", conta Flávio Tavares, pai de Camilo e que também participou da produção.
Telegramas do Departamento de Estado dos EUA e arquivos de ex-presidentes norte-americanos também são usados como fontes e revelam "ordens expressas para uma infiltração nas Forças Armadas brasileiras", diz Flávio.
Segundo relatos no filme, a interferência seria consolidada pelo embaixador Gordon e pelo general Vernon Walters, adido militar dos EUA no Brasil de 1962 a 1967.
Os documentos detalham a operação Brother Sam, deflagrada em 31 de março de 1964 e que consistia em uma frota naval vinda dos EUA em direção ao Brasil --que invadiria o país caso não fosse bem sucedida a derrubada do presidente João Goulart.
O apoio logístico da Marinha dos EUA contava com porta-aviões, navios petroleiros, torpedeiros, aviões-caça e munição. Com a confirmação do golpe, a operação foi desativada, quando se encontrava no mar do Caribe.
O filme traz ainda detalhes de um plano de contingência que previa as etapas do golpe. Entre elas, um Estado deveria se declarar contra o governo de Jango, como fez Minas Gerais, e os EUA deveriam reconhecer um presidente constitucional antes de um militar, como ocorreu com o então presidente da Câmara, deputado Ranieri Mazzilli.
"Foi chocante encontrar esse plano, porque ele previu exatamente o que aconteceu", disse o historiador Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), um dos entrevistados no filme de Camilo Tavares.


O DIA QUE DUROU 21 ANOS
DIREÇÃO Camilo Tavares
PRODUÇÃO Brasil, 2012
77 minutos
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

“A Batalha do Chile”




Resenha de Alexandre Madruga para
Estética e Cultura de Massa II, professor Ivan Capeller


O cineasta documentarista chileno Patrício Guzmán produz nesse documentário histórico, feito após seis anos de trabalho, mais de cinco horas de filmagem, subdivididas em três partes, no qual mostra o crescimento e a queda de Salvador Allende.
A primeira parte da filmagem, "A Insurreição da Burguesia" (1975), relata a reação da direita contra a tentativa o socialismo democrático no país que tentava ser implementado, com greves por sindicatos e o boicote econômico, que teve influência do governo dos EUA.
"O Golpe de Estado" (1977), que é a segunda parte do documentário, fixa o foco na guerra civil que levou ao bombardeio do Palácio de La Moneda e à morte do presidente em 11 de setembro de 1973, sob a liderança de uma junta militar encabeçada por Pinochet.
"O Poder Popular" (1979) finaliza a filmagem, revelando algumas ações coletivas realizadas por populares com intuito de acabar com a crise durante o governo Allende, como armazéns comunitários e comitês camponeses, que serviam de sustento para alimentação de parte da população.

“Batalha” foi considerado um dos melhores documentários políticos da história, relatando a primeira transição democrática ao socialismo da história da América Latina

Para a crítica norte-americana Pauline Kael, "como uma
equipe de cinco pessoas, algumas delas sem nenhuma
experiência prévia, conseguiu produzir uma obra dessa
magnitude?" O documentarista João Moreira Salles,
responde que "ao longo daqueles anos, a história estava
em marcha e havia alguém com a férrea disposição de
não desligar a câmera." Esse desejo de levar o cinema às
últimas conseqüências fica evidente na cena mais famosa
do filme, em que um cinegrafista baleado pela polícia
filma a própria morte.(1)


O documentário mostra um país em extrema tensão, uma população rachada ao meio entre esquerda e direita, numa realidade caótica de greves, passeatas, manobras políticas, que finalizam com um golpe militar e a morte (assassinato) do Presidente Allende.
A criação do documentário ganha ares épicos, por toda sua trajetória percorrida pelos cinco integrantes da equipe de filmagem, até a chegada das latas de negativo (de forma clandestina) por navio para Cuba, onde o Guzmán montou o filme com a ajuda do Instituto del Arte y la Industria Cinematográficos (Icaic). A “via crucis” de Guzmán após as filmagens foi grande, pois logo depois da conclusão do trabalho, foi preso em casa, levado ao Estádio Nacional e ameaçado de fuzilamento, no entanto acabou posto em liberdade. Já o cinegrafista Jorge Muller Silva desapareceu de vez, depois de ser seqüestrado pela polícia militar.
A produção teve o claro intuito de demonstrar como ocorreu todo o processo, apresentando as prévias dos acontecimentos, como eram arquitetados e por quem, mostrando todos os lados da questão de maneira exaustiva, deixando claro ao espectador a real situação chilena da época. A locução em off deixa o espectador ciente e consciente dos acontecimentos, permitindo toda e necessária compreensão do golpe. Filmou desde assembléias de fábricas, passando por trabalhadores do campo, moradores de bairros construindo um abastecimento alternativo, até militantes de direita. Guzmán registra e analisa toda a caminhada chilena
pela via democrática ao socialismo, abordando temas difíceis como as nacionalizações, o apoio ambíguo da presidência ao processo de construção do "poder popular" que se dava com as ocupações, além da participação direta através de assembléias locais e regionais, e as contradições entre este poder popular e um Estado que acabou paralisado pelo Congresso e as ações de sabotagem apoiadas pela CIA e pelas elites.

Para João Moreira Salles, “O resultado é um filme
inegavelmente belo, decididamente épico e certamente
trágico. (...) Guzmán filmou tudo, até o último momento.”
O jornal espanhol Cambio 16 escreveu: "A Batalha do
Chile é o filme mais impressionante exibido em Cannes
este ano". Na França, o Le Monde acompanhou: "É a
primeira obra de arte a encarnar uma nova forma de
analisar a história." O Los Angeles Times concordou:
"Um documentário admirável sobre um país que é lançado
no caos com a inevitabilidade de uma tragédia grega".(2)


Apesar da eleição de Allende, da esquerda chilena, é curioso perceber que a maior parte da grande mídia era controlada pela oposição de direita. A mais perigosa era a emissora de TV, Canal 13, com grande audiência popular e com fortes interesses conservadores que Guzmán usava um crachá falso da emissora para entrevistar esse público.Graças a essa iniciativa, conseguiu passar para o documentário o clima de revolta da classe média e da burguesia em relação às medidas populares do governo Allende. Esse é apenas alguns aspectos do belíssimo documentário. Trata-se de uma obra obrigatória para estudantes discentes em geral e comunicadores.


1.       Revista Núcleo Piratininga de Comunicação, Edições 094, Fevereiro de 2006
2.       Depoimentos ao Portal midiaindependente.org - Dissertação baseada nos capítulos apresentados no Auditório Hanns Donner da UniSuam / Bonsucesso e nos extras do Box “Batalha do Chile” em “Patricio Guzmán: uma história chilena” (2001); “A resistência final de Salvador Allende” (1988), “Entrevista de José Carlos Avellar com Patrício Guzmán” (2005), além da “Filmografia do diretor”.


http://alexandremadruga.files.wordpress.com/2011/08/a-batalha-do-chile-resenha.pdf