quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Mente Cativa"

"Gostaria de antecipadamente esclarecer um mal-entendido. Pessoalmente, não sou a favor da arte subjetiva demais. Minha poesia sempre foi um meio de conferir a mim mesmo. Por meio dela, poderia apurar o limite a partir do qual a falsidade de estilo testemunha a falsidade da posição do artista; tentei não cruzar essa linha. Os anos de guerra me ensinaram que um homem não deve pegar uma caneta meramente para comunicar aos outros o próprio desespero e derrota. Essa é uma comodidade barata demais; leva muito pouco esforço possibilitar ao homem que se orgulhe por ter feito isso. Quem viu como muitos viram uma cidade reduzida a escombros_ quilômetros de ruas nas quais não sobrou nenhum sinal de vida, nem mesmo um gato ou cachorro de rua_ saiu dessa experiência com uma atitude irônica para com as descrições do inferno na própria alma. Um verdadeiro "depósito de lixo" é mais terrível que qualquer cenário imaginário. Quem não viveu em meio ao horror e pânico não pode saber o quão fortemente uma testemunha ou participante protestam contra si mesmos, contra sua própria negligência e egoísmo. A destruição e o sofrimento são a escola do pensamento social."

Czeslaw Milosz

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