"Gostaria de antecipadamente esclarecer
um mal-entendido. Pessoalmente, não sou a favor da arte subjetiva
demais. Minha poesia sempre foi um meio de conferir a mim mesmo. Por
meio dela, poderia apurar o limite a partir do qual a falsidade de
estilo testemunha a falsidade da posição do artista; tentei não cruzar
essa linha. Os anos de guerra me ensinaram que um homem não deve pegar
uma caneta meramente para comunicar aos outros o próprio desespero e
derrota. Essa é uma comodidade barata demais; leva muito pouco esforço
possibilitar ao homem que se orgulhe por ter feito isso. Quem viu como
muitos viram uma cidade reduzida a escombros_ quilômetros de ruas nas
quais não sobrou nenhum sinal de vida, nem mesmo um gato ou cachorro de
rua_ saiu dessa experiência com uma atitude irônica para com as
descrições do inferno na própria alma. Um verdadeiro "depósito de lixo" é
mais terrível que qualquer cenário imaginário. Quem não viveu em meio
ao horror e pânico não pode saber o quão fortemente uma testemunha ou
participante protestam contra si mesmos, contra sua própria negligência e
egoísmo. A destruição e o sofrimento são a escola do pensamento social."
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